segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Moradores libertam pássaros que viviam presos em gaiolas em MG



Um dia, um dos moradores de Fortuna de Minas olhou para o céu, para as árvores, e percebeu que estavam vazios. Ficou em silêncio, mas não ouviu o canto dos pássaros que gostava de escutar desde pequeno. Os trinca-ferros, papa-capina e canários da terra não voavam mais por lá.
Eles haviam sido caçados ou aprisionados em gaiolas. O gerente de agência Washington Moreira Filho não se conformou. Queria, de novo, ouvir o canto dos pássaros e começou a abrir as gaiolas. “O meu sonho inicial era ver essa praça cheia de canários”, relata.
Há quatro anos, Washington Moreira Filho resolveu que já era hora de realizar seu sonho. Começou, então, uma campanha para convencer os moradores de Fortuna de Minas a abrir as gaiolas. “Não foi tão difícil assim convencer o pessoal na época, porque parece que todos já tinham essa ideia. Deu-se a entender que todos tinham a mesma ideia, porque foi um casamento perfeito”, explica o gerente.
A cada mês, um morador se juntava a Washington e abria as gaiolas, como o carpinteiro José de Morais, conhecido como Seu Zé, de 85 anos, que chegou a ter 18 passarinhos presos.

A oficina de marcenaria do Seu Zé funciona há 40 anos em Fortuna de Minas. E tudo permanece praticamente igual. Ou melhor, quase tudo. O Seu Zé, por exemplo, não fabrica mais essas armadilhas que eram usados para capturar as aves silvestres, aves que saiam da cidade para dentro das gaiolas.
Com a ajuda dos moradores, passarinhos estão por toda parte. Os mais numerosos são os canários da terra, ou canários chapinha, que tinham desaparecido. Os machos são mais amarelinhos que as fêmeas. Agora, eles já se misturam a outros pássaros comuns na região, como o joão-de-barro, pica-pau, beija-flor.
E não é que a cidade, além do canto dos pássaros, ganhou outra alternativa de renda com o comércio de casas pré-fabricadas para passarinho. Um grupo de artesãos passou a construir ninhos para vender. São iguais aos do joão-de-barro. Os canarinhos adoram se hospedar neles.

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