A conferência anual da Associação
Americana para o Progresso da Ciência (AAAS) foi realizada de 16 a 20 de
fevereiro em Vancouver. Não por acaso, diversos relatos de pesquisas relevantes
sobre a vida e o futuro dos oceanos foram apresentados durante o encontro e
chamaram a atenção do público em geral e especialmente da comunidade local.
Uma das exposições de grande
repercussão foi a de James Hansen. Segundo ele, o uso intensivo de combustíveis
fósseis e o consequente aumento das temperaturas médias dos oceanos podem
levar, entre outras consequências, a elevações de vários metros do nível dos
oceanos e à extinção de entre 20% e 50% das espécies do planeta.
A elevação do nível dos mares
coloca em risco a própria existência física de cidades em áreas costeiras de
baixa altitude, como é o caso de Vancouver, entre muitas outras. O fenômeno é
intensificado pelo derretimento de parte das calotas polares, também decorrente
do aquecimento global, especialmente em regiões mais próximos dos polos, como
também é o caso da cidade canadense.
O alerta de Hansen, uma das
grandes estrelas da reunião da AAAS, teve, portanto, grande impacto na opinião
pública da cidade anfitriã da conferência, inclusive porque suas autoridades
públicas tomaram recentes decisões que seguem na contramão das advertências do
cientista.
Menos célebre do que Hansen, mas
também muito respeitado na comunidade científica internacional, Villy
Christensen, professor da Universidade da Colúmbia Britânica, apresentou
resultados iniciais, mas impressionantes, de seu projeto Nereus, cujo nome
homenageia o deus grego que previa o futuro e morava no mar Egeu.
Segundo Christensen, as melhores
estimativas atuais são de que há nos oceanos cerca de 2 bilhões de toneladas de
peixe, ou seja, cerca de 300 quilos para cada habitante do planeta. No entanto,
pelo menos metade disso está em zonas muito profundas dos mares, é constituída
de espécies pequenas demais em tamanho e, por isso, é inviável para exploração
comercial e consumo humano.
E na outra metade, de peixes que
medem pelo menos 90 centímetros e são apropriados para alimentação de pessoas,
houve um declínio da biomassa de 55% de 1970 até agora. “É uma mudança
dramática e global”, disse.
Christensen defendeu que se
invista mais em pesquisa sobre a vida marinha e especialmente sobre o impacto
do aquecimento global sobre ela para que decisões políticas apropriadas possam
ser tomadas, mas – apesar da necessidade de mais estudos – ele acha que o que
já se sabe é suficiente para muita preocupação com o futuro.
Por exemplo, há a previsão de que
o aumento da temperatura das águas vai fazer com que muitas espécies de animais
marinhos procurem as águas mais frias das regiões mais próximas dos polos, o
que poderia beneficiar os habitantes dessas áreas.
Mas William Cheung, que trabalha
no mesmo projeto Nereus, argumenta que essa conclusão otimista pode ser
apressada e errada: diferenças de quantidade de oxigênio em águas frias e
quente e a crescente acidificação dos oceanos, outra consequência das mudanças
climáticas, também comprometem negativamente a produtividade marítima.
Fonte
Fonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário