terça-feira, 26 de junho de 2012

Greenpeace no Brasil


Quando o Brasil entrou para o mapa de países vítimas de ações internacionais predatórias, mal existiam ambientalistas no país. Com a realização da Eco-92 no Rio, quando mais de 180 países reconheceram os danos que causavam ao ambiente, o Greenpeace recebeu o empurrão que precisava para levantar o debate ambiental.


O evento que marcou oficialmente a inauguração do Greenpeace no Brasil foi durante o encontro, no dia 26 de abril, aniversário da explosão da usina nuclear de Chernobyl.


Desde o início, a organização se comprometeu em levar a realidade e os desafios ambientais para a agenda política nacional e internacional. A primeira geração de funcionários foi formada por ativistas do movimento político e social, o que se mostrou ideal, uma vez que, em um país em desenvolvimento como o Brasil, os desafios ambientais estão intrinsecamente vinculados aos sociais.


A realização da primeira ação no Brasil é anterior à vinda oficial. Ao identificar a grande participação do país no comércio internacional de lixo tóxico, em 1989, o Greenpeace, junto com a organização Oikos, abortou duas tentativas da fábrica Produquímica de importar resíduos de metais pesados. Embora a entrada desse material não fosse proibida, o Brasil exigia autorização dos órgãos ambientais – e a Produquímica não a possuía.


Como resultado da pressão contra empresas poluidoras, como a Produquímica, em 1993 o governo brasileiro proibiu a importação de qualquer tipo de resíduo tóxico. Em março de 1994, a Convenção da Basileia dava o histórico passo de proibir a exportação de resíduos perigosos provenientes dos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para os não pertencentes. Foi a primeira conquista do Greenpeace em âmbito internacional e a primeira do Greenpeace Brasil.


Em 1992, começava a investigação sobre exploração ilegal e predatória de madeira na Amazônia. A situação da região era ainda mais caótica do que hoje,pois não havia registro dos setores que causavam o desmatamento, a fiscalização dos órgãos públicos era quase nula facilitando a exploração comercial.




Entre 1995 e 1999, as campanhas de Energia e Transgênicos se iniciaram. Eficiência era o foco de Energia. Seu primeiro alvo foram as indústrias de refrigeração, que na época usavam gases CFC, que atacam a camada de ozônio e agravam o efeito estufa. Demonstrando que tecnologia, desenvolvimento e preservação ambiental podem caminhar juntos, o Greenpeace desenvolveu, em associação com o Instituto da Saúde Pública de Dortmund, na Alemanha, uma alternativa mais limpa de refrigeração – o “Greenfreeze” – menos poluente e mais eficiente.


Fortalecimento - O século 21 começa com novos trabalhos. A campanha de tóxicos denunciou a contaminação de solo e água por substâncias conhecidas como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Grandes empresas como a Shell e a Gerdau sofreram pressão pelo fim da contaminação por POPs e investimento em tecnologia não poluente.


Com o início da campanha de Transgênicos, o Greenpeace fortalece no debate das políticas públicas o princípio da precaução, ou a responsabilidade dos governos de cobrarem provas de que novas tecnologias, como a de organismos geneticamente modificados, não causam danos à saúde humana e ao ambiente antes de aprovarem seu uso em larga escala.


Para proteger o consumidor, em 2002, o Greenpeace lançou o primeiro Guia do Consumidor, com uma lista de produtos com e sem transgênicos.


Ainda nesse mesmo ano, a campanha da Amazônia teve uma importante conquista. Após intensa pressão do Greenpeace, o governo brasileiro suspendeu o comércio de mogno, árvore ameaçada de extinção, e determinou uma auditoria em todos os planos de manejo florestal no Pará,apontados pelo relatório “Parceiros no Crime” como instrumento de ilegalidades e corrupção.


Em 2003, a Amazônia lançou o projeto Cidade Amiga da Amazônia. Seu objetivo foi o de criar uma legislação municipal que eliminasse a madeira de origem ilegal e de desmatamentos criminosos das compras municipais. Cinco anos após sua criação, o projeto foi ampliado, abarcando todas as compras públicas e privadas de madeira, chamando-se hoje Rede Amigos da Amazônia.


Em 2006, o Greenpeace publicou o relatório “Comendo a Amazônia”, detalhando como a demanda mundial por soja produzida na região alimenta a destruição da floresta. A rede McDonald’s foi a primeira a responder à denúncia, eliminando a soja amazônica de sua cadeia de suprimentos. 


Olhando o futuro - No ano seguinte, a campanha da Amazônia lançou o projeto Desmatamento Zero, que convoca governos e sociedade civil pelo fim do desmatamento na Amazônia nos sete anos seguintes, garantindo os meios de vida locais e globais e o desenvolvimento regional e nacional.


Ampliamos o trabalho pontual com baleias ao lançar, em 2008, a campanha de Oceanos, baseada em um estudo da organização com 40 especialistas, entre membros do governo, representantes de ONGs e pesquisadores acadêmicos de todo o país, sobre a situação dos oceanos. 


O ano de 2009 foi marcado por uma intensa mobilização pelo clima, dada a importância da reunião da ONU em Copenhague para a redução das emissões de gases-estufa. Ao redor do mundo, a sociedade civil deu um exemplo de participação política, pressionando seus governantes a irem ao encontro. Em maio, o Greenpeace lançou o relatório “A farra do boi na Amazônia”. Fruto de três anos de investigação, ele revelou como a parceria perversa entre a indústria do gado e o governo brasileiro resulta em desmatamento, trabalho escravo e invasão de terras indígenas.


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